-- CURSO EM ANGOLA --
As Chefias Militares da Guiné cedo se aperceberam que havia necessidade de se dispor de uma Tropa diferente, uma Tropa que fosse capaz de fazer a Contra-Guerrilha, móvel, aligeirada, com pequenos efectivos, autónoma e agressiva.
Uma Tropa que aliás já tinha dado provas em Angola.
Já tinham sido preparados os Primeiros Grupos de "COMANDOS", essa tal TROPA DIFERENTE.
Em Julho de 1963, o Comando Comando Chefe da Guiné solicitou à Região Militar de Angola que recebesse e formasse um pequeno grupo de Oficiais, Sargentos e Praças para que lhes fosse administrada a TÉCNICA de GUERRILHA e um CURSO DE COMANDOS.
Na mesma altura, foi enviada uma circular a todos os Batalhões estacionados na Guiné, convidando Oficiais, Sargentos e Praças para se oferecerem como voluntários para "OS COMANDOS".
Em Quibala, no norte de Angola, já tinham sido preparados os "PRIMEIROS COMANDOS", essa tropa diferente que já tão bons resultados apresentava.
As alterações ao Programa da nossa visita começaram aqui e mantiveram-se sempre, até ao fim da nossa estadia.
Tivemos a seguir uma palestra com o Capitão Peres, instrutor dos "Comandos" de Angola.
Começou por abordar a questão da disciplina. Nada de tolerâncias. Que "OS COMANDOS" falam sempre em sentido.
Que o mínimo desleixo, dos Superiores ou dos Inferiores, não pode passar em claro.
A cerimónia de apresentação teve lugar no Gabinete do Chefe do Estado-Maior.
Fomos recebidos pelo Major Carvalho da Silva, Chefe da 2ª Repartição, que fez votos para que da nossa estada em Angola tirássemos o máximo proveito.
Colocou em evidência os inconvenientes da nossa vinda naquela altura, pois tinha terminado um Curso e não se sabia ainda quando tinha início o próximo.
Colocou em evidência os inconvenientes da nossa vinda naquela altura, pois tinha terminado um Curso e não se sabia ainda quando tinha início o próximo.
Destes desencontro de datas resultariam, naturalmente, limitações à nossa instrução.
Na manhã seguinte foi-nos exposta, com algum promenor,a situação actual na Região Militar de Angola.
Foram-nos indicadas a Zonas consideradas activas, semi-activas e as pacíficas.
Cabinda, devido à localização e ao reduzido efectivo das NT e um triângulo com vértice em BESSA MONTEIRO e base na Região dos DEMBOS ( Nambuangongo, Zala, Beira Baixa, etc....), eram as Zonas com maiores preocupações.
Considerava esta última mais díficil, porque os grupos IN tinham mais experiência e mostravam-se aguerridos.
A mentalização era a menina dos olhos dos "CURSOS DE COMANDOS".
Um COMANDO luta para matar e não para não morrer! indicou-nos os processos e técnicas que utilizam para mentalização.
Um COMANDO luta para matar e não para não morrer! indicou-nos os processos e técnicas que utilizam para mentalização.
Slogans, dísticos humoristicos nas paredes, nos lavabos, em todo o lado, até dentro do pão. Uma aparelhagem sonora nas Casernas e nos quartos de Sargentos e Oficiais.
Alocuções de mensagens gravadas, para ouvirem sempre que estejam a descançar. Devem ser feitos testes para avaliar o grau de assimilação.
Emulação entre os instruendos, entre as equipas e entre os grupos.
Cerinómias com aparato para realçar as qualidades e os méritos dos indivíduos que mais se destacassem.
Cerinómias com aparato para realçar as qualidades e os méritos dos indivíduos que mais se destacassem.
Abordou a conceito da parelha, da equipa e do grupo. Numa primeira fase, deve dar-se aos instruendos a liberdade para se agregarem como entenderem, depois as relações tendem para alguma estabilidade.
Reforçar essas amizades, estimulá-los a comerem na mesma mesa participarem nos mesmos jogos, fazerem os mesmos serviços.
Reforçar essas amizades, estimulá-los a comerem na mesma mesa participarem nos mesmos jogos, fazerem os mesmos serviços.
Falou depois na constituição do grupo. MUITA ATENÇÃO.
O indivíduo que concorre aos Comandos tem que estar situado entre os 20% a 30% melho-res do Contigente donde é originário.
Os Comandantes dos Grupos e os Chefes das Equipas devem situar-se entre os 10% melho-res do contigente de Quadros.
A SELECÇÃO é a operação mais importante na FORMAÇÃO dos COMANDOS.
A Instrução deve assumir um carácter mais selectivo.
Sendo o tiro o aspecto mais sensivel, não deve haver restrições nesta Instrução.
Todos os Elementos devem ser especialistas no tiro de precisão e no tiro institivo e todos devem estar aptos na utilização do lança-rockets.
No dia 26 de Outubro partimos para o Quartel de Quibala, onde estivemos seis dias em contacto com os três (3) Grupos de COMANDOS recentemente chegados de uma Operação.
O Tenente Jaime Fragoso deu-nos explicações promenorizadas sobre a mesma.
Regressámos a Luanda e ficámos a aguardar o início da Operação que deveria ter lugar nas margens do M'BRIDGE. Patrulhar as margens do rio entre as picadas e Evange e Quiaja. Uma operação de rotina.
Se deste estágio na Região Militar de Angola não proveito, ele foi pelo menos, muito útil. Útil, porque das lições dos Instrutores ficámos com as nossas cabeças mais arrumadas, com ensinamentos que nos serão ú-teis se um dia viermos a ser instrutores de COMANDOS.
Útil ainda, porque o contacto que mantivemos com os Grupos em Operações, adquirimos experiência, vimos como aquela Tropa se comporta no mato e as situações que vivemos serão para nós motivos de ensinamentos.
Resta acrescentar que os Oficiais da Região Militar de Angola estiveram sempre, mas sempre, ao nosso dispor e se mais não fizeram foi, de facto, devido à nossa visita ter sido efectuada numa altura pouco conveniente.
Regressámos a Luanda e ficámos a aguardar o início da Operação que deveria ter lugar nas margens do Rio Loge.
Na 2ª Operação fomos integrados no Grupo de Comandos do Batalhão de Artilharia. Montámos uma emboscada nas margens do Rio Loge, durante três (3) dias.
De regresso a BISSAU, e devido à urgência do CTIGuiné que também deviam frequentar o Curso só o fizeram mais tarde, e em forma de estágio, que foi complementado na Guiné com a vinda de um deslocamento do GRCmds/BArt 400, GRUPO "OS GATOS" de Angola comandados pelo Alferes Valente, para intervir em conjunto com os GRUPOS aí formados, onde realizaram duas (2) Operações, pelo que não tendo sucesso regressaram a Angola.
ASSIM NASCERAM OS PRIMEIROS
"GRUPOS DE COMANDOS"
DA
GUINÉ