ENCONTRO NACIONAL DOS COMANDOS DA GUINÉ – 1964 / 66

COMANDOS GUINÉ - 45 ANOS DEPOIS


ALMOÇO DE CONFATERNIZAÇÃO EM 19/06/2011


CAMARADAS, VAMOS FECHAR AS COMEMORAÇÕES DO NOSSO REGRESSO DA GUINÉ, FAZ ESTE ANO 45 ANOS, PARA OS ÚLTIMOS QUE DE LÁ VIERAM.

PERGUNTARAM ALGUNS DE VÓS, MAS TANTO TEMPO A COMUMERORAR?

É VERDADE, DESDE 2010 a 2011, EM QUE SE COMEMORAM OS NOSSOS REGRESSOS À 45 ANOS.

VAMOS POIS JUNTARMO-NOS NOVAMENTE NUM ALMOÇO-CONVÍVIO EM TORRES VEDRAS.

LOCAL E DATA:

"RESTAURANTE "OS SEVERIANOS"

A

19 DE JUNHO DE 2011

PELAS

11:30 HORAS

TRAZEI A FAMÍLIA





IDES RECEBER TODAS AS INDICAÇÕES ATRAVÉS DE CARTA QUE VOS SERÁ ENVIADA PELO CORREIO.

PARA MIM, PARA TI OU PARA ALGUM DE NÓS PODE SER A ÚLTIMA OPORTUNIDADE PARA ESTARMOS JUNTOS. POR ISSO VEM PASSAR UMAS HORAS DE SÃO E SALUTAR CONVÍVIO CONNOSCO.


ESTE ANO VAMOS TENTAR LEMBRAR OS NOSSOS ANTIGOS HERÓIS QUE AS CHEFIAS MILITARES TÃO COBARDEMENTE ABANDONARAM À SUA SORTE, E QUE OS NOSSOS GOVERNANTES NADA FIZERAM PARA MINORAR TUDO PORQUE PASSARAM. POIS, FORAM ESTES BRAVOS DO PELOTÃO QUE DEFENDERAM OS SEUS INTERESSES.

VAMOS TAMBÉM LEMBRAR OS NOSSOS SOLDADOS NATURAIS DA GUINÉ, QUE AO NOSSO LADO LUTARAM E QUE TÃO COBARDEMENTE FORAM ABANDONADOS NA HORA DA DESPEDIDA PELAS CHEFIAS MILITARES.

POR TUDO ISTO VINDE À NOSSA CONCENTRAÇÃO EM TORRES VEDRAS - RESTAURANTE "OS SEVERIANOS" .

" QUERER É PODER "

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HINO DOS COMANDOS

quinta-feira, 1 de abril de 2010

G.C.G. - A0013: PELO QUE LÁ PASSÁMOS - CONTADO PELOS CAMARADAS "COMANDOS" - ALFERES VIRGINIO BRIOTE, FURRIEL MÁRIO DIAS, FURRIEL VASSALO MIRANDA, SOLDADO AMADÚ, 1º CABO MARCELINO DA MATA, ALFERES LUIS RAINHA e FURRIEL CAETANO AZEVEDO.

Temos algumas Peripécias e alguns Factos que se passaram connosco durante estes cerca de quatro (4) anos que passámos na Guiné, ao longo desta NARRATIVA iremos colocando-os aqui no nosso BLOG.
Como devem calcular são mais os maus bocados do que os bons, mas tudo se passou e agora a nossa estadia lá, vista de longe torna-se nostálgico. Camaradas, nossos há que já lá voltaram agora, tal é a saudade da TERRAS DE ÁFRICA.


GRUPO de COMANDOS "FANTASMAS"
Cmdt de Grupo - Alferes Saraiva

Vamos hoje começar a narrar o que nos aconteceu, por TERRAS MANJACAS, FULAS, MANDIGAS; BIAFADAS, BIJAGÓS e tantas outras ÉTNIAS; essas Narrativas e Epi-sódios irão surgindo há medida que vierem às nossas LEMBRANÇAS.



Queremos mais uma vez lembrar que aquilo que nós formos narrando, é verídico, apenas por vezes para não se ferir suscetibilidades usaremos NOMES FICTÍCIOS aos personagens.

GRUPO de COMANDOS "PANTERAS"
Cmdt de GRUPO - Tenente Pombo

O que vamos narrar nunca foi divulgado, e passou-se no ano de 2008, altura em que se realizou o 1º ENCONTRO DE COMANDOS QUE PERTENCERAM aos GRUPOS DE COMANDOS da GUINÉ nos ANOS de 1964/1966.

Finalmente, e após 40 anos, conseguimos reunir pela PRIMEIRA vez os MILITARES que pertenceram aos GRUPOS de COMANDOS da GUINÉ nos anos de 1964/1966.

Embora muitos de nós certamente se tenham lembrado de realizar tal EVENTO, a verdade é que, por circunstâncias várias, ainda não tinha sido possível fazê-lo.

Poi bem. Fizemo-lo nessa altura. E manda a Justiça que se diga que foi graças ao "emporrão" dado pelo Sargento-Mor RUI FONSECA, também Comando, e que estando colocado na DIRECÇÃO de DOCUMENTAÇÃO e HISTÒRIA MILITAR do MINISTÉRIO da DEFESA NACIONAL, foi incumbido, na altura, de pesquisar e escrever a HISTÓRIA dos PRIMEIROS GRUPOS de COMANDOS da GUINÉ. Nesta tarefa ele consultou as O.S., Relatórios e outra Documentação, e principalmente contactou com muitos de nós. Foi também, através dele, que se soube algumas das moradas dos Camaradas.

GRUPO de COMANDOS "CAMALEÕES"
Cmdt de GRUPO: Alferes Godinho


O nosso Almoço de confratenização, teve lugar no Restaurante " O PINTO " que fica na Es-trada Nacional 118 em Marinhais, no dia 24 de Setembro de 2006. A concentração começou por volta do meio-dia, para que pudessemos rever e mutuamente matar saudades lembrando os "VELHOS TEMPOS". O almoço foi a partir das 13 Horas e meteu pela tarde dentro e o almoço começou com o nosso "GRITO DE GUERRA".

1º Almoço comemorativo dos 40 anos do Regresso da GUERRA da GUINÉ dos "GRUPOS DE COMANDOS" de 1964 a 1966
Foto: J. Abreu

COMANDOS ................................AO ATAAAAAAAAAAAAAQUE!........

As nossas Mulheres, alguns Filhos, Filhas e Netos também estiveram presentes no ALMOÇO
Foto: J. Abreu

Para que tudo corresse na melhor, até se arranjou um cróqui que foi enviado a todos aqueles que foram ao ALMOÇO, com a indicação onde ficava o Restaurante.
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Cróqui das Estradas da Zona do Amoço c/a indicação do RESTAURANTE "O PINTO"
Foto: Tirada de um Mapa

Imaginem que até indicações de Rota eram dadas, ver o que se segue:

Para quem viesse do SUL:
Depois de passar Salvaterra de Magos, percorre 6Kms e "O PINTO" encontra-se à sua direita, ao lado da BOMBA de GASOLINA da "REPSOL".

Para quem viesse do NORTE:
Passada uma placa que diz "BEM-VINDO A MARINHAIS", anda-se cerca de 1,5kms e o Restaurante está à nossa esquerda junto à "REPSOL".

NOTA: O Restaurante tem entrada para o PARQUE de ESTACIONAMENTO PRIVATIVO.

Durante o Almoço era para ser lido um TEXTO sobre o que passámos na GUINÉ, coisa ligeira e que revelava já um pouco daquilo que tinha sido a nossa PRESENÇA em TERRAS da GUINÉ. Este texto seria para ser lido: Alferes Comando Briote, Furriel Comando Mário Dias, Furriel Vassalo Miranda, Furriel Caetano de Azevedo, 1ºCabo Marcelino da Mata e Soldado Amadú Djalo.
Por razões desconhecidas, no entanto relacionadas com a falta de tempo para matar saudades e reviver o passado, ficou no esquecimento. Mas há sempre alguém que guarda estas coisas, e assim, é possível a sua publicação em Primeira Mão.

-- TEXTO que devia ser lido durante o 1º ALMOÇO de CONVIVIO --
DOS
"COMANDOS DA GUINÉ - 1964 A 1966"

Alferes Miliciano Comando Briote, devia ler:



Naqueles tempos quem mandava era o Benfica. Foram taças ganhas ao Barcelona e ao Real Madrid. Foram recebidos no aeroporto com vivas ao Costa Pereira, Ãngelo, Germano, Eusébio, aos Cavéns, ao capitão Coluna, José Augusto e Simões, ao Bewlla Guttman. O Porto tinha ganho o campeonato em 1959 depois de um jejum prolongado de 18 ou 19 anos seguidos. O Sporting já tinha perdido os cinco violinos, o Jesus Correia, o Travassos, Vasques, Peyroteo e o Albano.
Nas revistas aparecia a Florbela Queiroz em biquini numa piscina, o Henrique Mendes de laço, a Simone e a Madalena Iglésias, a Paula Ribas. A TV passava o Galarza ao piano, o Robin dos Bosques com o frade ao lado a assaltarem um coche, o Danger Man a chegar de descapotável, via-se um carro sózinho a andar com o Homem Imvisível ao volante, o Santo do Roger Moore, o Pai do Litlle John, do Adam, do Hoss gordo, dos Cartwrights todos, e a música a incendiar a pradaria, o papel a arder, e Bonanza a aparecer com eles a cavalo.E depois, uma série de acontecimentos, um tal Galvão a assaltar o Santa Maria, o Pandita Nehru invadiu Goa, Damão e Diu, populações do Norte de Angola foram chacinadas, com o Artur Agostinho a contar tudo como se estivesse lá, e nós com os olhos colados na TV, a sentirmos um arrepio pela espinha, o Salazar a falar com os óculos na ponta do nariz, as Tropas a desfilar em Luanda, a assalto ao Quartel de Beja feito pelo Varela Gomes. Os anos 60 começaram assim. Estávamos todos na casa dos 20 anos.
Passados uns tempos..................
Todos nós vimos Lisboa e o Tejo desaparecer numa manhã daquelas, e depois durante meia dúzia de dias o mar fez-nos companhia até Bissau. Numa manhã cedo, o navio lançou o ferro, e ficámos ali ao largo, duas horas parados a aguardar as lanchas de transbordo, com os olhos arregalados.
Enfiaram-nos em GMCs, Mercedes, Unimogs, e aí fomos Avenida acima, passámos ao lado da Esplanada do Bento, vimos a Sé, os Correios, Casas Coloniais, o Cinema "UDIB", à direita e à esquerda, o BNU; a Praça do Império, o Palácio do Governador, em frente. E depois, cada um sabe para onde foi.
GRUPO de COMANDOS "CENTURIÔES"
Cmdt do GRUPO - Alferes Rainha


Furriel Miliciano Comando Mário Dias, devia ler:

Um dia encontrámos em Brá, um aquartelamento ainda em construção. As instalações, em pré-fabricado, eram boas, comparadas com as que anteriormente tínhamos conhecido no mato. A seguir à Porta de Armas, uma grande parada, à esquerda dois Edifícios compridos albergavam os Grupos, e para o lado direito os Edifícios onde se alojaram os Sargentos e Oficiais.

As trazeiras davam para terra batida, o arame farpado longe, junto à estrada alcatroada que ligava Bissau a Mansoa e que se ramificava depois em estradas de terra batida, picadas como lhe chamávamos (porque para circular, nelas, de carro ou qualquer espécie de viatura, tinha-se de ir com um ferro a picar; para ver se havia minas anti-carro), para Bissorã uma, para Mansába a outra, formando os dois lados do que já se chamava "O TRIÂNGULO DO OIO".
O aeroporto de Bissalanca a escassos quilómetros era um entretimento, íamos lá tomar café, ver as chegadas dos voos semanais da TAP, íamos ver tudo, as Hospedeiras de saía travada a descerem as escadas do Super-Constellation, o pessoal novo a chegar, chamávamos-lhes maçaricos, periquitos depois, quase todos em rendição individual, e as caras deles, coitados, as jovens mulheres recém-casadas ao encontro dos maridos, aqueles corações descontrolados, mortos por se apertarem, beijos envergonhados, com os olhares invejosos dos outros em cima.
Passados uns tempos ...........................
Em Julho de 1963, o COMANDO CHEFE DA GUINÉ solicitou à REGIÃO MILITAR DE ANGOLA que recebesse e formasse um pequeno grupo de Oficiais e Sargentos. Na mesma altura, foi enviada uma circular para todos os Batalhões estacionados na Guiné, convidando Oficiais e Sargentos para se oferecerem como voluntários para os COMANDOS. Muita gente se ofereceu.
Depois das selecções foram escolhidos o Major Correia Dinis, os Alferes Saraiva e Godinho, os Sargentos e irmãos Roseira Dias, os Furrieis Miranda e o Artur Pires. E ainda, os 1ºCabos, Abdulai Djamanca e o Abdulai Djaló, originários da Guiné.
De regresso a Bissau, formaram um GRUPO que interveio na "OPERAÇÃO TRIDENTE", de 14 de Janeiro a 24 de Março de 1964, nas Ilhas do Como, Caiar e Catunco, integrados nas Forças à disposição do Batalhão de Cavalaria 490.
O comando do Grupo foi entregue ao Alferes Saraiva e, ao Alferes Godinho, aos Furriéis Mário Dias, Artur Pires e Miranda, a chefia das Equipas.


GRUPO DE COMANDOS "DIABÓLICOS"
Cmdt do GRUPO - Alferes Briote


Furriel Miliciano Comando Vassalo Miranda, devia ler:

"Havia um sítio que lhe chamavam a "PASSAGEM DO INFERNO". Era uma passagem que atravessava a Bolanha ( terra lamacenta, parecida com os nossos arrozais) e que ligava Cauane à mata. Os Comandos fizeram várias tentativas para penetrar naquela mata, mas eles não deixavam.
Num daqueles dias, o IN deixou-os entrar mais que o habitual. Desconfiados com tanta fartura, os COMANDOS dispuseram-se em linha e instalaram-se a ver. De um momento para o outro, tak, ratatata, paw,paw,...... de frente e pelo flanco direito. Desesperados pediram apoio aéreo.
Num rápido os T6 apareceram no ar e não perderam tempo. O fogo começou a abrandar, e aí vão eles, COMANDOS ao ATAQUE, e pela primeira vez na GUINÉ se houve o GRITO DE GUERRA da nossa Tropa de Élite! Mas as posições ficaram tão próximas que os bombardeiros e T6 tiveram que parar o fogo. Numa dessas manobras um piloto foi atingido, caindo atrás das nossas linhas, com uma explosão que se ouviu por todo o lado. Os outros T6 começaram a voar em roda como se prestassem homenagem ao parceiro abatido. De um lado e doutro, todos os olhos estavam virados para o ar. E foi assim que os cinco COMANDOS aproveitaram para dar à sola e juntar-se ao Grupo. Quando o IN reagiu já eles estavam bem resguardados".
Passados uns tempos..................
"No dia 7 de Fevereiro de 1964, na mata de Cachil, comandos e páras depois de ocuparem a área, tiveram que ir em auxiliu do 7º DESTACAMENTO de FUZILEIROS. Numa clareira, os COMANDOS foram recebidos com tiros de armas ligeiras e pesadas.
Os Páras ao tentarem ajudá-los, tiveram um morto. Depois, começou a disputa pelo corpo, o IN a tentar capturá-lo para o exibir como troféu e os Páras a não deixarem.
Entretanto, os COMANDOS tinham-se desenrascado, sem uma beliscadura. Os Páras estavam numa situação pouco recomendável, claramente uma defensiva fraca. Um Cabo Pára foi atingido com um projéctil na coluna, e a situação mais complicada ficou.
Três COMANDOS, o Furriel Vassalo Miranda e os Cabos Marcelino da Mata e Abdulai Djamanca, arrancaram por ali fora e conseguiram resgatar o corpo do Pára-quedista morto".
"No fim daqueles setenta e tal dias, a resistência abrandou e, numa prova de que se podia voltar a andar livremente, o Coronel Cavaleiro com um pequeno grupo de homens passeou-se pelo interior da Ilha. Foi o sinal de que a "OPERAÇÃO TRIDENTE" estava no fim. Deixaram uma pequena guarnição em Cachil Pequeno.
O Batalhão de Cavalaria 490 foi para Farim, os COMANDOS para o interior treinar milícias Indígenas e os Fuzos e os Páras para as suas missões tradicionais".
Da BD "OP. Gata Brava" de A. Vassalo.

GRUPO DE COMANDOS "APACHES"
Cmdt do GRUPO : Alferes Neves da Silva


Furriel Miliciano Comando Mário Dias, devia ler:

De tal forma se houveram que foi publicamente reconhecida a contribuição que deram para o sucesso da "OPERAÇÃO TRIDENTE". Receberam os crachás em cerinómia pública realizada em Bissau em 29 de Abril de 1964. Em finais de Julho e com a duração de quatro semanas deram início à Escola de Quadros.
Entre 30 de Setembro e 17 de Novembro de 1964, realizou-se em Brá o 1º CURSO DE COMANDOS DA GUINÉ. Começaram cerca de duzentos (200), terminaram setenta e oito (78).
FANTASMAS; PANTERAS e CAMALEÕES foram os nomes que escolheram para os GRUPOS que sairam dessa Formação.
Em Dezembro de 1964, o BOLETIM de INFORMAÇÃO do ESTADO MAIOR do EXÉRCITO, relatava oficialmente as primeiras acções destes GRUPOS.

GRUPO DE COMANDOS "VAMPIROS"
Cmdt do GRUPO: Alferes Vilaça e Caldeira

1ºCabo Comando Amadú Bailo Djaló, devia ler:



"Em Canjambari um Grupo de Comandos efectuou uma Acção de muito interesse sobre um Bando de Terroristas instalado a coberto do rio. Apoiados por um Pelotão de Auto-Metralhadoras, os Comandos transpuseram o rio e lançaram-se ao assalto do IN, bem instalado no terreno e com bom e numeroso armamento. O IN foi desalojado, tendo deixado várias baixas no local.
Outro Grupo efectuou uma emboscada na mesma região causando ao IN, dois (2) mortos confirmados, e vários feridos, tendo sido capturadas várias espingardas, pistolas metralhadoras e granadas de mão.
Na Zona de Tite, outro Grupo realizou um GOLPE de MÃO a NE daquela povoação. Capturaram oito (8) Espingardas, uma pistola-metralahdora e várias granadas de mão".

1º GUIÃO DOS COMANDOS
DA GUINÉ




1º Cabo Comando Marcelino da Mata, devia ler:



Com o entusiasmo inicial, superaram tudo o que fossem dificuldades, empregaram-se a fundo, os resultados ultrapassaram as expectativas, surpreenderam até o COMANDO MILITAR. Olha vão ali os gajos dos COMANDOS, a maralha a olhar para eles. Sabe-se como é, ganharam fama e respeito pelo trabalho que fizeram e também por aquilo que alguns contaram.
As Comissões Individuais e as baixas em combate ou por doença começaram a fazer estragos, os Grupos ficaram mais pequenos, era necessário começar novo CURSO de Quadros, aproveitar os resistentes e formar novos Grupos.
O Major Correia Dinis fora entretanto promovido e o Capitão Nuno Rubim passou a ser o novo Comandante do Centro.

CRACHÁ DO PEITO

Alferes Miliciano Comando Luis Rainha, devia ler:



Em Julho de 1965 começou o 2º CURSO de COMANDOS para Oficiais e Sargentos na GUINÉ e logo a seguir para Praças.
"Os Centuriões" substituiram "Os FANTASMAS", "OS APACHES" substituiram "OS CAMALEÕES", e nasceu mais um GRUPO "OS VAMPIROS" que constituiram o 4º GRUPO que não existia anteriormente eos e os "OS DIABÓLICOS" que renderam "OS PANTERAS".
Tinham vindo de todo o lado, até da Banda da Música, passavam dos duzentos (200)no início do Curso, terminaram pouco mais de oitenta (80), entre Sargentos e Praças.
Foram quatro (4) semanas cheias, com muita emoção, actividade fisica até mais sim, andar na mata de noite e de dia como deve ser, como pôr a ARMA a olhar, distinguir sons à noite e de dia, ligar disparos a armas, sentir ricochetes, chicotadas altas e baixas,projéteis a bater nas árvores, exercícios, repete, outra vez, táctica de terreno, tudo com fogo real, claro. Trabalho nocturno todas as noites, granadas a toda a hora e em todo o lado, até debaixo da almofada da cama, montagem de minas e armadilhas, travessia de Bolanhas, muito e muito tiro de todas as posições, instintivo para alvos móveis, tiro a tiro, rajadas curtas de três (3) a cinco (5) balas, disposição para emboscadas e golpes de mão, uso e manutenção dos rádio9s AN PRC/10, AVF, HITACHIS, NATIPNAL, prática de Primeiros Socorros, injecções nas veias, intramusculares, intra dérmicas, até. Nos intervalos praticava-se uma Alimentação rica em proteínas. Pão, o resto que arranjassem na natureza. Apanhavam moscas e gafanhotos, tiravam-lhes as asas, tudo para dentro do pão. As Tribos da Guiné, FULAS; BALANTAS, MANDIGAS, PAPEIS, MANJACOS, FELUPES, BIJAGÓS......ETC., E O QUE SE SABIA DA POSIÇÃO DELES FACE AO CONFLITO, UTILIZAÇÃO DE GUIAS, TUDO EMBRULHADO COM MUITISSIMA MENTA-LIZAÇÃO, tanta que nas noites em que dormiam eram acordados pela VOZ, precedida de música altíssima, ritmada, intensa. Depois da VOZ, música suave para voltar a adormecer.

Viam-se dísticos por todo o lado, no Edifício do Comando, no Salão onde se reuniam, nas Camaratas. E durante a noite, também nos Altifalantes.
ATENÇÃO COMANDO!..........................
"Nas conversas com os teus amigos nunca digas para onde vais, um COMANDO é um indivíduo que deve ser admirado por toda a gente, o COMANDO deve tratar a sua espingarda com todo o jeitinho, deve escrever semanalmente à sua Família, à Bajuda também, os COMANDOS não choram os seus mortos, vingam-nos, para onde quer que olhe para lá tem virada a sua arma, COMANDOS AO ATAQUE, ó da guarda, vivam os COMANDOS da GUINÉ, um COMANDO não é melhor nem pior, é diferente, temos tão pouco que fazer, queremos mais instrução, meu Sargento, estou mortinho para ir para a porrada, Plano de refeições, ao Pequeno Almoço, granadas fritas com trotil, um petardo P4 com uma pitada de molho de plástico, para o almoço, e para o jantar cartuchos 12,7 salteados com pólvora de caril, uma ceia em MORÉS, Meninas não saiam de casa, o Benfica e os COMANDOS estão sempre na final, não há pai para eles, o Eusébio com a taça na mão, um COMANDO com um morteiro de 82 made in URSS".
NOVO CRACHÁ DE PEITO



Furriel Miliciano Comando Caetano Azevedo, devia ler:


Aos sábados e domingos foram praticar para o mato, em operações reais, executando GOLPES DE MÃO a acampamentos do PAIGC.
Tinham voado num Dakota para o leste, CANQUELIFÁ, passaram o fim-de-semana com o IN numa base na fronteira com a Guiné-Conacry e duas vezes ao "TRIÂNGULO do OIO", um na área de Bissorã, o outro entre Mansoa e Mansabá.
E numa manhã de sábado, apresentaram-se ao General Shultz, Governador e Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné.
Formaram na Praça do Império, frente ao Palácio, Cerinómia Militar, tambores, Hino, bandeiras, populares, o desfile. Estavam oficialmente prontos os GRUPOS DE COMANDOS totalmente formados no CENTRO DE INSTRUÇÃO DA GUINÉ, sob o comando do Capitão Nuno Rubim. Depois almoçaram bacalhau à Brá, a quantidade que quizeram, até os panelões ficarem rapados, e vinho tinto a acompanhar, com cheiro a cânfora, uma garrafa para cada parelha.
Os GRUPOS sairam, um em cada semana. Os APACHES foram para a Zona de Bula, encontraram-se com o IN no mesmo trilho, houve ligeiro contacto que não foi maior porque a guerrilha perseguida, retirou.
Os CENTURIÕES arrancaram na semana seguinte, os DIABÒLICOS na outra. Os VAMPIROS fecharam a primeiro mês de Operações, com a 1ª baixa dos novos COMANDOS. Um trilho na Zona de Cutia, Oio, tinha uma bailarina preparada para dançar com o soldado Miguel. Com a perna arrancada, a perder sangue, foi-se em minutos, não sem antes se ter voltado para o Vilaça que colaboravanos primeiros socorros e lhe dizer, com a voz já muito fraca, não hà problemas, meu alferes, p´ra semana já devo estar operacional.
O primeiro erro dele, disseram logo.
Entretanto o Capitão Rubim saiu, e o novo Comandante passou a ser o Capitão Garcia Leandro, até então Comandante da Companhia 640, estacionada em Sangonhã. Depois começou a correr o que tinha acontecido aos outros GRUPOS. Lentamente, mas dia adia a os GRUPOS ficavam mais pobres, todos os dias saía pessoal por isto ou por aquilo.

Porque na verdade só os Eleitos, os Valentes, os Arrojados e Temerários é que podem ser, BONS COMANDOS, os demais, por muito boa vontade que tenham não conseguem ter aquela FIBRA, para aguentarem tudo o que um "COMANDO" passa.

Os GRUPOS foram a SUSANA, BIGENE, CUNTIMA, CANJAMBARIi, percorreram o OIO, XITOLE, CANQUELIFÁ, TITE, BUBA, CACINE, a GUINÉ toda praticamente. Na primeira Operação de Helis em JABADÁ, em circunstâncias particularmente difíceis, morreu-nos o António Maria da Silva. Pois, quando estavamos a saltar, ou seja, largados dos Helis a cerca cinco (5) metros do Solo, o IN começou a varrer o ar com rajadas de metralhadora. Foi uma autentica caça aos "patos", o que nos valeu foi a má pontaria do IN e o medo que ele nos tinha; pois, caso contrário não haveria uma morte a lamentar, mas sim, muitas mais.
E em Junho de 1966, face aos efectivos já muito reduzidos, o Capitão Garcia Leandro propôs ao QG, concentrar o pessoal remanescente num GRUPO, "OS DIABÓLICOS". De resto, a politica ajustara-se às realidades. Abrira em Lamego no CIOE, o CENTRO NACIONAL DOS COMANDOS, já lá tinham formado as Primeiras Companhias, algumas já operavam em MOÇAMBIQUE, outras estavam a ser preparadas. Lá para fins de Junho chegaria a Bissau uma, um mês depois outra, era o que se dizia.
No fecho do CENTRO a foto apanhou os Furriéis Ázera, Valente de Sousa, o Cabo Faria, o Sargento Cordeiro, o Djamanca, e 20 resistentes, o Guião nas mãos de uma escolta, o pessoal de apoio ao lado. Testemunharam o Mário Valente, o Tudela, o João Parreira e alguns mais que estavam a aguardar o embarque de regresso. O Capitão Garcia Leandro fechou oficialmente o CENTRO, direita volver, destroçar.

COMANDOS EM PARADA A QUANDO DO FECHO DO C.I.C. DA GUINÉ
DE COSTAS - CAPITÃO GARCIA LEANDRO Cmdt do C.I.C. EM FRENTE - ALFERES V. BRIOTE Cmdt do G. "DIABÒLICOS"
Foto: V. Briote

OS CINCO (5) ÚLTIMOS "BRAVOS DO PELOTÃO" - "GRUPO DIABÓLICOS" OS QUE FECHARAM COM CHAVE DE OURO
Foto: V. BRIOTE


Acabava aqui os sonhos de um punhado de Heróis, mas a GUERRA nunca acaba, e assim, para Eles irá começar noutro lado, com novas finalidades. Mas uma coisa é certa "OS COMANDOS não acabarão, nem nunca vão acabar".

"O ADEUS"
O ÚLTIMO DESFILE NA PARADA DE BRÁ
À FRENTE como PORTA-ESTANDARTE Furriel Mil. "COMANDO" Valente de Sousa,
a seguir o Cmdt "GRUPO DIABÓLICOS" Virginio Briote
Foto: V. Briote

Embarcar nas viaturas com destino a Mansoa, onde o GRUPO se manteve até finais de Setembro. Face às movimentações do PIGC na Zona, vivia-se em Mansoa um ambiente de tal ansiedade que até a um simples trovão se reagiu a morteiro.

BOINA DE COMANDO
USADA A PARIR DE 1974

Alferes Miliciano Comando Briote, devia ler:

Quando deram por ela, Portugal estava a perder por 3 a zéro, os coreanos com foguetes no rabo, apareciam aos milhões por todo o campo. A Esplanada fria, o entusiasmo a ir-se, correra tudo tão bem até este jogo! A 2ª parte a começar, unhas a ficarem mais curtas, nem um golo caraças, ò Eusébio pega nessa merda, o Eusébio pega na bola, o José Augusto também, o Torres desnortea os coreanos a olharem para a altura dele, os outros todos a quererem, um golo, outro a seguir, já não dá tempo, qual caraças, quem disse que não dá, o 3º lá dentro, incrível, todos a gritar, turras se calhar também, nem trovoada nem nada, a esta hora a guerra é outra, goooolo!.... O rádio não se calava,era o Artur Agostinho, o Amadeu José de Freitas, o Nuno Brás, o Alves dos Santos ou todos ao mesmo tempo, que é que interessa, aplausos por todo o lado, mais duas cervejas, uma grade faz favor, pago eu! Eu, se os nossos ganharem, atenção pessoal, bebo uma à honra de cada um, um alentejano ao ataque, mas depois vou ao homem da bajuda esclarecer um assunto, e mais umas palavras que ninguém ouviu. Uma salva de palmas, outro golo, outro a seguir, afinal tudo tão fácil quem diria, palmas de Mansoa a ouvirem-se em Wembley ou seria noutro lado?
De 64 a 66, um número que ninguém sabe ao certo de quantas Operações, quase tudo GOLPES DE MÃO, algumas emboscadas e nomadizações, um sem número de contactos com o, quase sempre, competente IN, 13 mortos, feridos ninguém sabe quantos, a maior parte sem grande gravidade, minas e armadilhas todas desmontadas, nem numa emboscada caíram. Há infernos piores, mas no meio deste, quem regressou teve sorte.

Uma das últimas Operações, Olinda de nome de guerra, de grande importância estratégica, segundo rezava a ORDEM DE OPERAÇÕES, quando se ia para lá era de escacha pessegueiro, o GRUPO a entrar-lhes pela porta dentro, outra vez sem ninguém dar por eles, nem convidados nem nada, não os quizeram receber a bem, o carago a quatro, para não dizer pior! Mereceram um louvor público do Brigadeiro.
A guerra, já que tivera de ser, fora feita, assim. E parabens ao IN e um sentimento de respeito também, que para os Combatentes as guerras são sempre justas.
Em Outubro de 1966 a 3ª Companhia de Comand0s andava por Tite. Raramente saia com efectivos inferiores a dois GRUPOS. O nosso Joaquim Lifna Cumba caiu na Zona de Mansoa já ao serviço dos COMANDOS. Entretanto chegara outra Companhia de COMANDOS, comandada pelo Capitão Albuquerque Gonçalves. Então, isto aqui na Guiné, está fresco não está? Praticamente inexpognável o Sul, as NT confinadas aos aquartelamentos, Madina do Bué, um inferno, o DIEM-BIEM-PHU dos Portugueses, o Capitão de lá a dizer que só viviam dentro dos abrigos, cavados no solo, suportados por troncos e enchidos com cimento em barda.Passavam os dias a verem a vida em frente por entre os buracos. Abastecidos do ar, os aviões faziam malabarismos para não serem atingidos. Madina vai ser o primeiro aquartelamento a ser tomado pelo PAIGC, era assunto arrumado, ouvia-se em muitas bocas. Guilije outro inferno, há quem diga que foi o maior de todos, para nós e para eles.
Um Alouette 3 mergulhou numa bolanha, na Zona de Tite, não se sabia se fora atingido ou se fora um acidente. Foi montada uma autentica batalha, daquelas que se vêem nos filmes. COMANDOS e FUZILEIROS, a protegerem o Heli, sob fogo cerrado. O Coronel Kruz Abecassis, Comandante da Base Aérea, ele próprio a pilotar um DAKOTA teve que se impor para meter os páras dentro do avião. Largou-os na Zona da Batalha, os pára-que-das abriram-se e toda a gente parou o fogo, acreditem que houve quem visse! Um mecânico francês, já com idade para ser avô, que estava em Bissau a fazer a manutenção dos Helis foi trnasportado para o local com o equipamento todo para ver se conseguia tirar o aparelho das águas da Bolanha. E não é que conseguiu!...

O Norte em brasa, Barro, Bigene, Guidage, o Oio nem se fala, o leste ainda assim-assim!
Havia quem não acreditasse, mas o navio chegou mesmo. As Tropas Verdinhas, de novas, de-moraram uma eternidade a desembarcar, estavam com uma vontade enorme naquelas pernas! Os velhos Combatentes viam-nos ao longe, encostados às palmeiras. è aquele barco que nos vai levar, amanhã por estas horas estás com a mala na mão, prontinho para entrar, dizia um para o outro. Ficaram-se ali a olhar para os PERIQUITOS ( chamados assim por usarem Farda Verde), a sairem devagar, cheio de cerimónias, um a um até às lanchas, depois já no Cais, meios perdidos, para um lado e para o outro, pareciam formigas.
Depois o tempo acelerou, mal deu tempo para se despedirem uns dos outros.
Ficaram sem olhos, não viam nada.
Siga a Marinha, para o Cais antes que a piroga se pisgue.
Uma emoção naquele Cais, os rostos renascidos daquela gente, a rirem-se, a dançar o malhão e o corridinho. Malas alinhadas, senhas coladas, tudo pronto à espera da Ordem de Embarque para as lanchas. A primeira a partir, a segunda meia hora depois, a minha foi das últimas, mas foi! As luzes de Bissau ali, mas só tinham olhos para o UÍGE, ainda tão longe, mas desta vez era mesmo a sério, iam mesmo embora dali para fora. Saiam do INFERNO em que a GUINÉ se tornou.
Dias depois, deviam estar a sonhar, viram um PONTO ao longe primeiro, uma recta de pon- tos uns minutos depois, uma curva cada vez maior no meio do rio, era o TEJO a levá-los até LISBOA.

TINHAM ACABADO CERCA DE DOIS ANOS DE SAUDADES, SACRIFÍCIOS E MEDOS, por que não dizê-lo, pois se até os GRANDAS HERÓIS, também o sentem.
Uma cena filmada muitas vezes! Uma multidão no Cais, na ROCHA CONDE DE ÓBIDOS, gente de idade, muitas roupas escuras como se usava naquele tempo e algumas jovens de mini-sáias, também.
A multidão, lenços no ar, os Militares aos gritos, ó Zé olha-me para aquela brasa, um esqueleto qualquer lá de baixo com um lenço na mão a acenar cá para cima, um contentamento que não há palavras. Saíam aos trambolhões, malas com eles a caírem pelas escadas. Saíram todos, uns mais lentos, agora mais espaçados, já lá em baixo, os abraços intermináveis, os choros de alegria.
Aquela LISBOA, a 24 de Julho, o Terreiro do Paço, a Rua da Prata, até ao Rossio. Os olhos a passarem por tudo. Mataste muitos Turras, não?

As Guerras são muito monótonas, não há variedade, sempre a mesma história, tiros, gra-nadas, feridos, mortos. Está tudo contado há muito tempo. Os factos das guerras têm pouco interesse, são sempre iguais, vulgares. Uma batalha é o resultado do trabalho de alguns dias, o planeamento. Depois é um estradalhaço de meia dúzia de minutos, estrondos, rebentamentos, gritos de ataque e de dor. É só isto.
Outra história,complectamente diferente é o que as guerras fizeram das pessoas, as que intervieram e as outras. Fornadas de jovens, arrancados ao trabalho e ao estudo, espalhados pelas MAFRAS do País, encaixotados nos combóios, nas camaratas, nos beliches ou nos porões sujos e escuros dos UÍGES, de G3 na mão pelas matas, savanas, tarrafos e bolanhas, corações aos saltos, T6 e Fiats G-91 no ar, Helis à procura de locais para pousarem, macas com feridos e, mortos, os regressos aos abarracamentos, partir para outra, sempre assim, até ao fim dos dois anos. As guerras são todas assim, já está tudo contado.

O que está pouco contado é o que se passou a seguir. O regresso, o esquecimento, o deles não, que bem queriam mas não conseguiram. O 25 de Abril surgiu naturalmente, muito mais por consequência daqueles "COMOS", "GUILEJES", MADINAS DO BOÉ" e "GADAMAEIS", do que por qualquer outra coisa. Depois, tudo foi feito para que os esquecessem. E para que aqueles jovens, que deram tudo o que tinham e não tinham, se envergonhassem de terem participados naquela GUERRA. FOI O QUE PORTUGAL LHES DEU, INTERROMPEU-LHES AS VIDAS E NALGUNS CASOS DEU-LHES A MORTE, AINDA NO COMEÇO, DEPOIS DESPACHARAM-NOS COM UMA GUIA DE MARCHA PARA AS FAMÍLIAS, QUE FOSSEM ELAS A TOMAR CONTA DELES.
Quantos Ex-Combatentes não foram perseguidos no 25 de Abril?
Os Ex-Comandos foram considerados perigosos para o Regime resultante do 25 de Abril. Por quê, perguntaram?
Eram e são os únicos capazes de dar a volta ao texto, isto é, são os únicos capazes de serem mais uma vez Patriotas. Por este e outros motivos é necessário que desapareçam rapidamente, para sossego da Plebe.
EMBLEMA DA BÓINA

Furriel Miliciano Comando Mário Dias, devia ler:





Na sua História, "OS COMANDOS" foram formados em Zemba (Angola) a partir de 1962, em Quibala (Angola) desde 1963, em Namacha (Moçambique) e em Brá (Guiné) desde 1964, em Luanda (Angola) a partir de 1965, em Lamego (Portugal) desde 1966 e em Montepuez (Moçambique) a partir de 1969.
Efectivos empenhados pelos "COMANDOS PORTUGUESES" em operações activas: mais de 9000 homens (510 Oficiais, 1587 Sargentos e 6977 Praças), que integraram 61 COMPANHIAS e GRUPOS. Tiveram 357 Mortos, 28 Desaparecidos e 771 Feridos.
Constituiram cerca de um por cento do Conjunto de Efectivos empenhados em toda a GUERRA COLONIAL, e o número dos seus Mortos é cerca de dez por cento do TOTAL de BAIXAS, uma percentagem dez vezes superior à das Forças Regulares. É aceite que terão causado mais baixas ao IN e capturado mais Armamento do que a restante Tropa, e foi assim que ganharam uma AURA MÍSTICA, que se prolongou para além do FIM da GUERRA.
Os militares dos COMANDOS receberam por feitos em COMBATE:


12 - Grau Colar Orddem Militar de Torre e Espada (mais alta Condecoração da Pátria Portuguesa).

23 - Medalha de Valor Militar

375 - Cruzes de Guerra

O Slogan dos COMANDOS " A SORTE PROTEGE OS AUDAZES" foi retirado da Eneida, de Virgílio: " AUDACES FORTUNA JUVAT".


Cerca de 40 anos depois estamos aqui. Talvez um ou outro se tenha conhecido antes mas a maioria de nós conheceu-se em Brá (GUINÉ), naquele tal quartel que serviu de base aos COMANDOS da GUINÉ. Não nos esquecemos dos ausentes, daqueles que por vários motivos não puderam estar presentes. Uns, por estarem doentes, outros porque não foi possível descobrir o paradeiro e outros por já terem partido desta vida. E não terminamos sem uma palavra para lembrar COMANDOS GUINEENSES como o Abbdulai Queta Djamanca, o Adriano Sisseco, o Mamadú Bari, o Tomás Camará, o Augusto, o Kassimo, o Braima Jaló, o Marcelino da Mata e outros, alguns ainda estão vivos e outros foram mortos, já depois da Guerra ter terminado.

Homenagem aos COMANDOS MORTOS
Foto: Desconhecido

OBS.:

Nesta Guerra, mais uma vergonha foi praticada pelas Autoridades Portuguesas de então, no final da GUERRA na GUINÉ, a quando do regresso foi perguntado às Chefias porque não se traziam, de regresso, os GUINEENSES COMANDOS e os que nos foram sempre fiéis. Pois, era sabido, de antemão, que os que ficassem seriam mortos pelos homens do PAIGC, principalmente os que tinham sido "COMANDOS"; a resposta foi rápida e chocante, " Eles ficam e que se desenrasquem como puderem". Claro, que já se calcula o que aconteceu, foram quase todos mortos (fusilados ou esventrados vivos).
Os que conseguiram sobreviver, foi por que conseguiram fugir para os Países Vizinhos ou para PORTUGAL (pelos seus próprios meios).Aqui queremos prestar uma justa e sincera HOMENAGEM a todos os CAMARADAS NATURAIS DA GUINÉ que foram assasinados cruelmente pelos seus colegas tropa do PAIGC.
MAIS UMA VERGONHA NACIONAL.

Não sabendo ao certo, quais e quantos foram, aqui ficam pelo menos o NOME daqueles NATURAIS DA GUINÉ que tão galhardamente combateram ao nosso lado.
-- Soldado Indigena COMANDO Augusto.
-- Soldado Indigena COMANDO Briama Bá
-- Soldado Indigena COMANDO Tomás Camará
-- Soldado Indigena COMANDO Malan Sani

-- Soldado Indigena COMANDO Bacar Mané
-- Soldado Indigena COMANDO Bacar Djassy
-- Soldado Indigena COMANDO Lifna Cumba
-- Soldado Indigena COMANDO Mono Camará
-- Soldado Indigena COMANDO Abdulai Queta JamancaDesta lista ainda fazem parte pelo menos mais dez (10) nomes, dos quias não temos a certeza do que lhes aconteceu, por isso, pedimos a quem saiba o que aconteceu, na verade, a estes Homens por favor informem-nos.
GOUVEIA YALÁ, MAMADJAU JALÓ, BACAR BALDÉ, MAMADU SALIN BARI, SABALI CAMARÁ, ANTÓNIO KASSIMO, SANI INFAMARÁ e tantos outros cujos nomes já esquecemos.

Homenagem ANUAL DOS COMANDOS DA Guiné - 1964/1966 - aos seus MORTOS

Almoço Convívio Quartelamento da Serra da Carregueira 19/09/2009
Alferes Rainha - Furriel Mário Dias - Alferes Briote
Foto: J. Abreu
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